Submarino Desaparece Misteriosamente na Antártida

Thwaites Glacier: O Gelo que Pode Mudar o Mundo

Antes de tudo, vamos entender sobre esse incrível glaciar (Thwaites)que pode mudar algumas características importantes do nosso planeta.

Nos últimos anos, nossa compreensão sobre o continente Antártico deu um salto gigante, e com isso percebemos que algumas partes da camada de gelo estão mais propensas a mudanças rápidas do que outras. E quando falamos de “mudança rápida”, estamos falando de icebergs do tamanho de cidades sendo lançados ao mar!

Entre os maiores suspeitos de causar essa mudança acelerada está o Glaciar Thwaites, na Antártida Ocidental. Esse gigante gelado tem todas as características que fazem cientistas ao redor do mundo perderem o sono: ele é grande, está derretendo rápido, e descansa sobre um leito que se aprofunda em direção ao interior da camada de gelo. Essas condições podem levar a um recuo descontrolado, ajudado pelo derretimento das águas do oceano. E, quando digo “descontrolado”, quero dizer algo do tipo “prepare-se para ver o nível do mar subir consideravelmente!” Não sei se ajuda, mas acho que está na hora de vender aquela casa à beira-mar em Praia Grande.

A Grande Expedição: Em Busca de Respostas

Em janeiro de 2019, uma equipe de pesquisa corajosa embarcou no navio quebra-gelo “Ice-Breaker” R.V. Nathaniel B. Palmer rumo ao Mar de Amundsen – Saiba quem foi Roald Amundsen – na Antártida Ocidental. Essa foi a primeira de uma série de viagens de um projeto de cinco anos chamado Thwaites Offshore Research (THOR). O objetivo? Estudar o fundo do mar em frente ao Glaciar Thwaites para reconstruir sua história e entender como ele respondeu às mudanças climáticas ao longo dos séculos.

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As equipes científicas THOR e TARSAN examinam os resultados do sonar de varredura lateral AUV após uma das primeiras missões na frente de gelo da geleira Thwaites.

Para você ter uma ideia, o Glaciar Thwaites é do tamanho da Flórida e, junto com seus vizinhos, retém gelo suficiente para elevar o nível do mar em mais de um metro. Sim, isso mesmo, UM METRO! E, com base em 30 anos de observações de satélites, sabemos que esse glaciar está afinando, recuando e, literalmente, perdendo gelo a uma taxa alarmante.

Os estudos indicam que, nas próximas décadas, o Thwaites pode começar a perder gelo ainda mais rapidamente. E isso não é só papo de cientista e nem mais uma teoria baseada em tartarugas que comem canudos. O glaciar já é responsável por cerca de 4% do aumento do nível do mar globalmente. Se continuar nesse ritmo, poderemos ver um aumento significativo no nível do mar em apenas algumas gerações.

A Missão Secreta de Rán, a Deusa do Mar

Uma das estrelas dessa missão foi a AUV (Veículo Submarino Autônomo) chamada Rán, nomeada em homenagem à deusa nórdica do mar. Esse submarino laranja, de 6,5 metros de comprimento, estava equipado até os dentes com instrumentos geofísicos e sensores para observação oceânica.

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Na mitologia nórdica, Ran é a Deusa do mar.

Rán, o submarino, provou ser uma ferramenta inestimável para trabalhar em ambientes gelados. Ao contrário dos navios, que precisam ficar na superfície, a Rán podia se mover debaixo do gelo flutuante e coletar dados do fundo do mar. E, acredite, ela nos entregou imagens de tirar o fôlego do fundo do oceano, revelando detalhes que simplesmente não conseguimos ver com navios.

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Panorama da Missão Ran (AUV)

O Que Descobrimos?

Durante a missão, encontramos algo extraordinário: um conjunto de cristas no fundo do mar que foram formadas à medida que o Glaciar Thwaites recuava no passado. Essas cristas, formadas diariamente, nos contaram a história de um recuo muito mais rápido do que o que estamos vendo agora. Estamos falando de mais de 2 quilômetros por ano, em comparação com os 0,3 a 1 quilômetro por ano atualmente.

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Visualização 3D da batimetria multifeixe de alta resolução coberta com dados de intensidade de retroespalhamento da missão AUV 009 (Cruzeiro NBP19-02)

Essas descobertas são alarmantes. Elas indicam que o Thwaites já recuou muito mais rápido no passado do que agora. Além disso, períodos curtos de recuo acelerado podem acontecer a qualquer momento, potencialmente mudando a linha de ancoragem do glaciar de uma temporada para outra.

O Que Vem a Seguir?

Embora o colapso de uma plataforma de gelo em fevereiro de 2019 tenha interrompido os esforços para obter amostras de sedimentos, as expedições continuarão. Nosso próximo passo será usar simulações matemáticas para entender como essas cristas evoluíram e como elas podem influenciar o futuro do Thwaites.

Enquanto isso, a Colaboração Internacional do Glaciar Thwaites (ITGC) continua a combinar observações passadas e presentes para responder a uma das perguntas mais importantes do nosso tempo: quanto e quão rápido o Thwaites contribuirá para o aumento do nível do mar nos próximos 75 anos?

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