Bisões são levados para o Ártico, fazendo o papel dos Mamutes.

Bisões são Introduzidos no Ártico: Substitutos Modernos dos Antigos Mamutes

Em julho de 2023, doze bisões-americanos (Bison bison bison) foram transportados para o Parque Natural Ingilor, uma vasta área de proteção ambiental com mais de 900 mil hectares, localizada no distrito autônomo de Yamal-Nenets, no extremo norte da Rússia.

Esses impressionantes bovídeos foram adquiridos de um viveiro na Dinamarca e enfrentaram uma jornada de 8 mil quilômetros em veículos de carga até o seu novo lar ártico.

Inicialmente, eles estão sendo monitorados em pastagens cercadas próximas a um posto de guarda-florestal, mas a expectativa é que logo sejam liberados na natureza.

A introdução dos bisões no Ártico russo visa recriar o papel dos extintos mamutes-lanosos, contribuindo para a restauração dos antigos ecossistemas. O Departamento de Recursos Naturais e Meio Ambiente de Yamal-Nenets destacou que, historicamente, o Ártico é um habitat natural para os bisões, o que facilita sua adaptação.

A Paisagem Ártica na Pré-História

Durante o período Pleistoceno, que se estendeu de 2,6 milhões a 11,7 mil anos atrás, bisões-da-estepe (Bison priscus) e mamutes-lanosos eram comuns nas vastas pradarias dos Urais Polares.

Com o fim da era glacial, a maioria desses grandes herbívoros foi extinta devido ao aquecimento do clima, que transformou as planícies de gramíneas em áreas dominadas por arbustos e árvores.

artikus mamutes

Mary Edwards, professora emérita de geografia física da Universidade de Southampton, explica que o ecossistema do Pleistoceno não tinha árvores e possuía solos espessos. Ao longo do tempo, essas paisagens congeladas pelo permafrost acumularam grandes quantidades de carbono. Os herbívoros que pastavam nessas planícies ajudavam a manter o ecossistema, fertilizando o solo e permitindo o crescimento das plantas.

Rumo a um Jurassic Park da Vida Real?

Para testar a hipótese de que a reintrodução de grandes herbívoros poderia restaurar a antiga paisagem do Pleistoceno, projetos de restauração estão sendo implementados na Rússia. O Parque Pleistoceno, na unidade administrativa de Yakutia, é um exemplo notável. Desde 2019, o diretor Nikita Zimov vem trazendo bisões para o parque. Em 2023, ele adquiriu uma manada de 24 bisões, dos quais metade foi enviada ao Parque Natural de Ingilor em troca de 14 bois-almiscarados (Ovibos moschatus).

Apesar do ceticismo inicial, devido ao clima atual não ser tão favorável para esses herbívoros, a professora Edwards reconhece a tentativa como “uma ideia muito interessante” e considera a possibilidade de reintroduzir alguns dos grandes animais perdidos do Pleistoceno.

Em suma, a introdução de bisões no Ártico russo é um esforço audacioso e inovador para restaurar ecossistemas pré-históricos. Utilizando a experiência de cientistas e o conhecimento histórico sobre esses animais, o projeto busca transformar a paisagem e promover a biodiversidade, criando um ambiente sustentável para futuras gerações.

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