A Suécia defende a proibição do GNL russo

Ministro de Relações Exteriores da Suécia, Tobias Billström, protocolou o pedido durante a reunião de Negócios Estrangeiros da UE em Gymnich, Alemanha.

A União Europeia continua avançando em direção a uma proibição abrangente do gás natural liquefeito russo. O Ministro das Relações Exteriores da Suécia, Tobias Billstrom, confirmou a necessidade de incluir o GNL na próxima 14ª pacote de sanções contra a Rússia.

As discussões sobre uma potencial proibição de importação de gás natural liquefeito (GNL) russo continuam no mais alto nível da UE. O impulso está aumentando para finalmente começar a restringir o fluxo de GNL russo para o continente.

As novas medidas se tornariam parte das medidas de sanções planejadas para o 14º pacote. Além disso, substituiriam a recente ação legislativa do parlamento da UE. Esta ação legislativa abriu caminho para permitir proibições nacionais, mas evitou regras vinculativas em toda a UE.

Sanções Econômicas

Na segunda-feira, o Ministro das Relações Exteriores da Suécia, Tobias Billstrom, pediu a inclusão do GNL no 14º pacote.

“Vamos garantir que incluímos tanto uma proibição de importação de gás natural liquefeito quanto medidas para conter a frota sombra russa”, afirmou Billstrom.

“A adoção do 14º pacote de sanções é uma das coisas mais importantes”, disse ele segundo a Reuters.

Apesar de a Suécia não ser uma grande importadora de GNL russo – Bélgica, Espanha e França respondem por cerca de 80 por cento do GNL russo – o país recebeu várias dezenas de remessas de GNL diretamente de portos russos.

Entre fevereiro de 2022 e outubro de 2023, o país importou pelo menos 95.000 toneladas de GNL russo, avaliadas em mais de 80 milhões de euros.

Até agora, os apelos por uma proibição por parte de alguns funcionários da UE e dos Estados membros, assim como dos representantes ucranianos, não resultaram em medidas concretas para restringir o fluxo de GNL russo para a UE. A principal fonte de GNL russo é o projeto Yamal da Novatek, no Ártico.

Medidas contra a circunvenção

Em 2024, o GNL russo continua representando cerca de 15 por cento das importações de GNL da UE, atrás do principal fornecedor, os Estados Unidos. Porém, uma vez regaseificado, o GNL entra na rede de gás europeia, respondendo por 6 por cento do consumo total de gás do bloco.

O Ministro Billstrom também destacou a necessidade de incluir medidas contra a circunvenção no próximo pacote. Contudo, a Rússia continua a confiar em uma frota sombria para evadir sanções e entregar seu petróleo bruto aos mercados.

Até agora, ela não aplicou os mesmos métodos para a exportação de GNL, embora possa optar por fazê-lo se forem implementadas proibições amplas de GNL. O tamanho menor da frota global de transportadores de GNL em comparação com os milhares de petroleiros ao redor do mundo, no entanto, tornaria tal proposição muito mais desafiadora, dizem os especialistas.

Fornecimento estável sem GNL russo

Continua incerto se e em que medida a UE pode manter o fornecimento seguro de gás natural se eliminar o GNL russo. Vários estudos recentes de think tanks concluíram que o fornecimento de GNL da UE se estabilizou a ponto de poder interromper as importações da Rússia sem muito impacto na segurança e nos preços do fornecimento.

No entanto, em um novo relatório publicado na semana passada, uma agência reguladora da UE adverte que qualquer proibição de GNL russo deve ocorrer ao longo de um período prolongado.

A Agência da UE para a Cooperação dos Reguladores de Energia (ACER) adverte que o GNL ainda será necessário no intervalo, especialmente devido ao iminente término de um acordo de trânsito de gás natural que envia gás natural russo via Ucrânia para a Europa.

A Ucrânia encerrará o acordo de trânsito até o final de 2024, diminuindo assim o fornecimento de gás natural via gasoduto para a UE.

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Começando com importações pontuais de GNL russo

“Reduções nas importações de GNL russo devem ser abordadas com cautela, especialmente diante da iminente expiração do contrato de trânsito de envio ou pagamento para o fornecimento de gás natural via gasoduto da Rússia para a Europa via Ucrânia até o final de 2024”, afirma o relatório da ACER.

“Portanto, a redução das importações de GNL russo deve ser considerada em etapas graduais, começando com importações pontuais de GNL russo”, recomenda ainda o relatório.

Calcanhar de Aquiles do GNL russo

Uma proibição de importação de GNL russo – especialmente se incluísse o transbordo de GNL em portos europeus – seria prejudicial para as ambições de GNL do Ártico da Rússia.

Um novo relatório do grupo alemão de defesa e pesquisa Urgewald, publicado em 22 de abril, destaca o quanto a Rússia depende do mercado europeu, chamando-o de “calcanhar de Aquiles” do país.

Durante o primeiro trimestre de 2024, mais de 90 por cento da produção de GNL de Yamal estava destinada a portos europeus.

“Se os portos europeus próximos não estivessem mais disponíveis como hubs de importação ou trânsito, os custos de transporte do GNL russo do Ártico seriam substancialmente mais longos e mais caros”, explica Sebastian Rötters, analista de política energética da Urgewald.

A UE detém uma alavanca significativa sobre a Rússia em relação ao GNL e insta os funcionários a finalmente aproveitarem essa alavanca, conclui o relatório.

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